Sobrevivendo à realidade

domingo, 19 de dezembro de 2010 · 9 comentários



    
 Tempos modernos. Pós-modernidade. Tudo que as pessoas fazem é condicionado a uma dependência jamais vista – [é preciso que o mundo veja, é preciso que se midiatize]. Um foco na observação social vaticina olhares diferentes sobre coisas iguais [claro, é a manutenção da individualidade], ao ponto que as desigualdades parecem invisíveis a quem pode, de fato, intervir nelas. Há um abalo interno em cada criatura. Há uma bomba-relógio armada nos corações. Há um resquício de humanidade na humanidade.
  
    Ainda existem possibilidades de facilitar as coisas, de tornar o [mundo] mais suportável e menos desigual. Enquanto isso não acontece [o que parece ser mais provável], busca-se alternativas alienantes, das químicas às abstrações ideologicamente produzidas nas 'usinas de esperança', sempre visando tornar suportável uma existência talvez insatisfatória. Não existe um veredicto absoluto sobre as questões da vida e sobre a essência da realidade. Continua-se a pensar. A existir. A sobreviver.



[imagem: google]

Midiatização da fé [parte 1]

segunda-feira, 22 de novembro de 2010 · 5 comentários

[...religião & mídia é um tema que sempre me chamou a atenção; a força influenciadora dos meios de comunicação (mais especificamente a TV) é indiscutível, mas ainda acredito na supremacia do conhecimento, que torna o ser humano menos vulnerável a qualquer tipo de influência – boa ou má... quero “blogar” um ensaio sobre esse assunto, e conto com sua ajuda... quem sabe a gente não aprende mais sobre isso?]




   Astolfo chegou em casa cansado. Também pudera; as horas extras não estavam no script, e consumiram a reserva de energia que ele esperava aplicar em outra coisa... Depois da ducha, assumiu seu reinado no sofá novo, no centro da sala, comprado há seis dias. Não se passaram nem cinco segundos e a percepção do nosso amigo atinou que ele teria que se levantar novamente, pois o controle remoto da TV estava debaixo do sofá. Do outro sofá, do outro lado da sala. Com um sorriso irônico – e a velha resmungada – moveu-se de onde estava e apoderou-se, o rei do sofá, de seu cetro zapeador. TV ligada...


   Você já deve ter percebido que não é tão difícil encontrar um programa religioso na grade de programação da maioria das emissoras de TV. Talvez seja o contrário. Talvez não seja tão fácil a gente deixar de se deparar com artistas religiosos cantando suas rimas – às vezes segregadas de sentido –, ou de outros líderes quaisquer, das batinas em cetim aos luxuosos ternos de microfibra em risca de giz, das melhores grifes. Isso não vem ao caso. O terreno em que estamos pisando é minado. Trata-se de uma pescaria especializada.


   Ora, segundo a Bíblia, Cristo ensinou que seus seguidores deveriam tornar-se “pescadores de homens” [livro de Mt 4.19, ss]. Mas na ocasião, há mais de 2000 anos, a intenção do Messias deveria ser bem diferente da ideia que norteia os referenciais ideológicos dos “messias” modernos, que atingem um público enesimamente superior ao de outros tempos. Os dois irmãos da passagem bíblica citada acima, a saber, Simão [Pedro] e Tiago, como pescadores que eram, preparavam suas redes para o sustento de suas famílias. Nesse caso, porém, é quase certa minha teoria de que eles ainda não tinham, como o Astolfo, um aparelho de TV em suas casas. Então a fé que cada um deles nutria no coração era [re]alimentada através de palavras, dirigidas pessoalmente a um target menos amplo que os atuais, numericamente incomparável, uma analogia absurda, convenhamos – sob a perspectiva geográfica, esse público não cresceu tanto assim, proporcionalmente.

    A crítica destrutiva a uma religiosidade midiatizada não é a intenção deste post, até por razões claras de sociabilidade; devemos admitir que o elemento humano é dotado de uma sensibilidade que embute, em cada criatura, uma regra in nata de filtragem de conteúdo. A maneira como cada pessoa utiliza seu tempo diz respeito a sua particularidade, e romper essa individualidade vai além da falta de ética. A ideia aqui é apenas promover uma reflexão, do ponto de vista epistemológico, sobre a influência da atividade religiosa nos veículos de comunicação.

   O tema é interessante, uma vez que perscruta questões "intocáveis", quase tabuísticas, por assim dizer. Afinal de contas, como célula social, diviso o direito a uma manifestação analítica – ressalvadas minhas limitações, claro –, sobre um dispositivo muito poderoso que emerge na consciência que fora alimentada por uma ideologia que direciona o homem no sentido de buscar razões para sua existência – a fé.

   Quando acionou o power do controle remoto, Astolfo ouviu uma voz que dizia:

   – “Talvez este seja o seu último dia, meu amigo!”

   Surpreso, não zapeou de imediato, e manteve sua atenção no programa que o despertou para a realidade de que a vida não dura para sempre. Também, o programa não perdia em nada para os realities, tamanha qualidade do audiovisual produzido. Aliás, na religião midiática, entretenimento é um dos pontos que merecem destaque. Mas aí é outra história.

   Monologando intimamente, Astolfo admitiu que estava cansado. A essa altura, esquecera das horas extras e dos aborrecimentos que teve que engolir num dia de expediente, por assim dizer, atípico. Despertou na manhã seguinte e foi para o trabalho. Outro dia, “outra vida”, outras perspectivas poderiam surgir. Porque “hoje pode ser o seu último dia”.

   [continua...]


[imagens: google]

O valor do tempo

segunda-feira, 15 de novembro de 2010 · 8 comentários






   Na infância, cada minuto é mais intenso; o olhar fugidio é uma procura constante por algo que ainda não se sabe o que é. Daí a necessidade de vasculhar qualquer canto da casa, desarrumar a mesa, fazer bagunça, perambular pelo quintal, quebrar as plantas, as flores – e os vasos, correr pela calçada, guiado apenas pelo sentido da busca por objetos indefinidos e pela satisfação imediata dos pequenos desejos que regulam as intenções mais simples, no universo desconhecido da mente.

   Os anos passam, outras infâncias complementam a esfera do tempo, e a corrente das vidas que habitam esse lapso temporal continua atada às frações de passado que insistem em alardear, a todo instante, flashes de situações remotas, cumprindo uma das funções naturais da existência – manter as lembranças vivas, ativas, pendulando entre o ontem e o agora numa eterna sequência de slides psicológicos.

   E cada pessoa tem suas particularidades: a individualidade, o coletivismo; a sensatez inata, o desvario constante; o apego às coisas simples, a megalomania; a doçura, a rispidez; todos esses comportamentos compondo a dinâmica incognoscível do espectro social, peças do maior quebra-cabeça de que se tem notícia: o sentido da vida humana e seus derivados teóricos, doutrinários e auto-apologéticos.


   Fato é que o coração humano – e sua eterna imaturidade – é uma manjedoura onde repousa a curiosidade. Talvez esteja aí uma das raízes da grande necessidade de saber, conhecer, entender. E assim, a ideia de que as pessoas devem mensurar sua própria capacidade a partir do ponto de vista de que haja uma inteligência padronizada, que busca sempre os níveis elevados de conhecimento, parece não ser o ponto de vista mais sensato a ser considerado na hora de fazer comparações entre um ser humano e outro. Aliás, comparação absurda e impossível, sob uma ótica imparcial e inteligente.


   E trazendo a reboque esse assunto, é imprescindível a lembrança de que “qualquer tipo de unanimidade é burra”, como dizia Nelson Rodrigues; logo, parece oportuno refletir sobre o posicionamento dos que creem que individualidades e comportamentos não devem ser comparados por nenhum padrão predefinido ou critério preestabelecido. Todos são diferentes, como diz o poeta Zeca Pagodinho. “Cada um no seu cada um, deixa o cada um dos outros” explicita a singularidade das diferenças pessoais [já que um é intrometido e o outro tem seu espaço bisbilhotado, conforme o samba Cada Um No Seu Cada Um, de autoria do cantor]. Reflexões pontuais como esta costumam servir de lenha para novas teorias, as mais diversas e bifurcadas que se pode imaginar.





 E enquanto os pensamentos nos conduzem, desbravando estradas desconhecidas da intelecção, os ponteiros do velho Montblanc – pendurado na parede com seu pêndulo banhado a ouro dentro da linda caixa de ébano, assim como o atrevido Rolex, que adorna o pulso do transeunte –, se mantêm fiéis ao compromisso de registrar os instantes que nos aproximam do futuro. Mesmo assim, o elo entre o que já foi visto e o que ainda se ignora, graças à incapacidade humana de conhecer o futuro, se restabelece – continuamente – no espaço, na natureza e dentro de nós.


   E, na guerra diária entre as boas e más notícias, urgem os gritos da memória, trazendo ao presente imagens que os olhos naturais não podem ver novamente; talvez imagens e sensações que não se quer viver de novo, por isso a refutação e indignação com as lembranças. Mas se as flores do passado insistem em emanar um alegre perfume, e os ventos de outros tempos ainda refrescam a calidez da vida, há então motivos suficientes para comunicar ao mundo que as dores e os problemas que se vive hoje são apenas uma fração da linha interminável que conduz o passado ao futuro. E cada parte dessa linha deve ser vivida da melhor maneira possível, já que a palavra dita não volta à inexistência, “as águas de um rio jamais são as mesmas”, e os danos do tempo são irreparáveis”.


[imagens: getty & google]

Boa notícia

sexta-feira, 12 de novembro de 2010 · 3 comentários


                                                                                                         google images



Têm sido raros os momentos em que os veículos de comunicação trazem informações que alegram o coração da sociedade. Pelo contrário, É incrivelmente notório o espetáculo exibido pela imprensa, divulgando toda sorte de infortúnios, de desastres. A esperança de um mundo melhor cede lugar ao desespero; os menos privilegiados continuam sofrendo as mazelas causadas pelos poderosos de coração insensível, que detêm o poder de fazer, mas nada fazem pelos desvalidos.


A imprensa, no entanto, é apenas serviçal da comunidade e “não tem culpa” pelo coração avaro dos corruptos, que ceifam o sangue dos súditos, enquanto limpam com seda as solas de seus caros sapatos. Mas não pára por aí. Os quadros que os artistas de Brasília pintam todos os dias não é diferente dos pintados  nas Assembleias Legislativas ou nas Câmaras Municipais. Pior ainda. A tinta usada nessas obras de arte é fornecida pelo povo. O mesmo povo que reclama da barbárie que sofre.

O povo que assiste, ouve e lê os noticiários é o mesmo que põe a coroa na cabeça dos desonestos. Elevam a reis os que nenhum compromisso têm com a verdade e com a justiça. “E assim caminha a humanidade”. É triste e difícil, mas não se vislumbra no horizonte nenhuma perspectiva de mudanças. O calabouço ainda encarcera só os pobres, só os que não têm “poder de fogo” para burlar as linhas da legalidade. Apesar de tudo isso, resta ainda uma boa notícia, que reúne em si ingredientes essenciais capazes de mudar o mundo, se os homens se propuserem refletir a respeito: o céu continua azul, ainda respiramos – um ar imundo, é verdade, mas respiramos –, e os seres humanos ainda continuam humanos.

Pelo menos parece. Não se sabe até quando.


[este texto foi publicado no jornal Tribuna de Minas, Seção Opinião, edição de 19 nov 2010.
veja em  ]





As mesmas pedras do passado

quinta-feira, 4 de novembro de 2010 · 3 comentários


Recebi, nesta quinta-feira, mais um e-mail convocando o mundo à causa da iraniana condenada. Acredito em algumas convicções que tenho, e que me levaram a responder, de maneira simples e sincera.

[Complicado, e muito triste. É mais um rastro de algumas heranças vis.
...Mas a acusada nasceu no Irã, conhece os preceitos de seu país. E transgrediu esses preceitos.
E em 2006, aos 43 anos, foi condenada por adultério.
Logo, uma alegação cabível para uma não-execução seria a alienação total da acusada, que desconheceria o que vem a ser “adultério”.
Mas acredito que ela sabia do que se tratava - e dos riscos que corria - [com sensatez, deixemos de lado os desatinos amorosos, quaisquer problemas conjugais que não nos dizem respeito e sejamos razoáveis].

Acho horrível e indecoroso o atraso em que eles vivem.
Todavia, quando um país se mete em questões alheias, dá liberdade a que o invadido passe a invasor, e por aí vai. Já se metem no enriquecimento de urânio do país, agora querem interferir no código penal iraniano...

Ora, temos muitas desgraças sociais aqui no Brasil para serem resolvidas.
Mas não, as pessoas preferem se preocupar com as questões político-religiosas que originaram a preceituação constitucional daquele país.
Consternação à família, aos filhos.  E que se cumpra a lei iraniana. E que mudem essa lei, não é? E isso não é função do Ocidente que, aliás, já se intrometeu demais no que não devia, durante a história.

É apenas uma opinião, como tantas outras... transitória.
Só não é tão transitória quanto as marcas de sangue que lavam o solo iraniano todos os dias.
E o que dizer das outras? Sakineh Ashtiani é a primeira? O mais provável é que ela não seja a última.

Mas ao que tudo indica, os poderios políticos e a influência ocidental deixarão suas marcas na história, mais uma vez;
Pelo menos, na tentativa de uma interveniência que visa algo mais importante que a hegemonia econômica - a vida.
Mas não se deve esquecer os detalhes da história. O machismo do Oriente não nasceu ontem. E é improvável que morra amanhã.]



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E-MAIL ORIGINAL

De: Alice Jay - Avaaz.org [mailto:avaaz@avaaz.org]
Enviada em: quinta-feira, 4 de novembro de 2010 18:14
Para: JR.ALBUQUERQUE@GMAIL.COM
Assunto: Salvem a Sakineh - estão nos escutando!

É quinta-feira e a Sakineh continua viva. Um número surpreendente de 500.000 pessoas enviaram mensagens para governantes em um dia -- eles estão respondendo rapidamente, contactando diretamente o Irã! A nossa pressão está funcionando, mas precisamos continuar para mantê-la viva -- assine e encaminhe este alerta para seus amigos:

Caros amigos,
Hoje, Sakineh Ashtiani poderá ser morta pelas autoridades iranianas. Já a salvamos do apedrejamento e agora temos 12 horas para conseguir que as principais autoridades do mundo se mobilizem com urgência para impedir esta vergonhosa execução:
Hoje, Sakineh Ashtiani poderá ser executada pelo Irã.

Nosso protesto mundial impediu que Sakineh fosse apedrejada injustamente em julho. Agora temos 12 horas para salvar a vida dela.

Os aliados do Irã e as principais autoridades da ONU são nossa maior esperança: eles podem convencer o Irã do sério custo político desse assassinato de uma figura com alta exposição na mídia. Clique no link abaixo para enviar a eles um pedido urgente de mobilização e encaminhar este e-mail a todo o mundo. Você só gastará três minutos. A última esperança de Sakineh somos nós

http://www.avaaz.org/po/24h_to_save_sakineh/?vl

O caso de adultério de Sakineh é um trágico embuste cheio de violações de direitos humanos. Primeiro, ela foi condenada à morte por apedrejamento. Porém, o governo iraniano teve de anular a sentença depois que os filhos dela conseguiram gerar um enorme protesto contra o julgamento injusto; Sakineh não fala a língua usada nos tribunais e os alegados incidentes de adultério aconteceram após a morte do marido dela.

Em seguida, o advogado dela foi forçado a se exilar e a acusação conseguiu inventar uma nova queixa falsa que justificaria a morte de Sakineh: o assassinato do marido dela. Apesar de isso configurar um caso de “non bis in idem” (dois julgamentos pelo mesmo crime), pois ela já está cumprindo pena por suposta cumplicidade nesse crime, Sakineh foi torturada e exibida em rede de televisão nacional para “confessar” e acabou sendo julgada culpada. O regime já prendeu dois jornalistas alemães, o advogado e o filho de Sakineh, que tem corajosamente liderado a campanha internacional para salvar a mãe. Todos continuam na prisão. O filho e advogado de Sakineh também têm sido torturados e estão sem acesso a advogados.

Agora, ativistas de direitos humanos iranianos afirmam que acaba de ser emitido um mandado de Teerã para executar Sakineh imediatamente. Ela está na lista e hoje é o dia da execução.

Campanhas persistentes fizeram o Irã anular a sentença de apedrejamento de Sakineh e atraíram a atenção de dirigentes de países que exercem influência sobre o Irã, como a Turquia e o Brasil. Agora, vamos todos erguer nossas vozes com urgência para impedir que Sakineh seja executada e sofra tratamento desumano e para libertar a própria Sakineh, seu filho e advogado e os jornalistas alemães. Envie uma mensagem para divulgar este pedido de emergência com amigos e familiares:

http://www.avaaz.org/po/24h_to_save_sakineh/?vl

Um grande protesto público tem a autoridade moral para impedir crimes atrozes. Vamos usar as 12 horas que temos para enviar uma mensagem clara: o mundo está de olho no Irã e todos estamos unidos para salvar a vida de Sakineh e contra a injustiça em qualquer lugar do mundo.

Com esperança e determinação,

Alice, Stephanie, Pascal, Giulia, Benjamin e toda a equipe da Avaaz

Fontes:

Parlamento europeu elogia adiamento da execução de iraniana:
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4770433-EI8142,00-Parlamento+europeu+elogia+adiamento+da+execucao+de+iraniana.html

França critica Irã por condenação de Sakineh Ashtiani:
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4768877-EI8142,00-Franca+critica+Ira+por+condenacao+de+Sakineh+Ashtiani.html

Dilma condena apedrejamento da iraniana Sakineh:
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/11/03/dilma-condena-apedrejamento-da-iraniana-sakineh-337843.asp

Petição para impedir a execução eminente de Sakineh Mohammadi Ashtiani (em inglês):
http://www.guardian.co.uk/world/2010/nov/03/sakineh-mohammadi-ashtiani-execution

Assessoria de Imprensa, um velho novo espaço

quarta-feira, 27 de outubro de 2010 · 3 comentários


Mais do que nunca a comunicação – no sentido de promoção, desenvolvimento e manutenção de relacionamentos – está em evidência na teia da sobrevivência social; seja essa comunicação no âmbito empresarial ou até mesmo – e às vezes principalmente – no pessoal. A arte de comunicar-se bem, na busca incessante pelo “estar em evidência” é bem mais que um talento, é uma conquista a ser perseguida. Nesse sentido, não é tão complexo entender o porquê de o mundo empresarial ter “se encontrado” tanto no universo da comunicação; antes, sendo um setor subaproveitado – ou até mesmo deixado à mercê do esquecimento –, a comunicação (significando aqui o estabelecimento de relações de caráter puramente informativo, visando a conquistar prestígio, e não somente a relação técnica emissor-receptor) ganha um espaço importantíssimo na esfera geral da sociedade organizada.

Os profissionais da informação não mais têm suas funções e atividades limitadas às redações e aos estúdios de TV e rádio, mas encontram, na oportunidade gerada pela carência de técnicas informacionais nas áreas, digamos, “extra-imprensa”, um espaço para desenvolver um serviço de promoção de valores, tanto sob o ponto de vista da efetiva comunicação empresarial como sob o prisma da comunicação social.

Embora com suas particularidades (oriundas das transições políticas nacionais), a prestação do serviço de assessoria de imprensa teve, no Brasil, um desenvolvimento quase semântico aos desenvolvimentos europeu e estadunidense. Mas o grande conflito, que ainda pinga nas toneiras do meio jornalístico, é um certo preconceito entre os profissionais da imprensa em si e os profissionais de mesma área que atuam na representação de particulares. Mas aí entra outra questão: quem é que não representa particulares nesse oceano do jornalismo?  Tão intrínseca quanto esta situação é a abertura de consciência, no sentido de que é preciso haver – e de fato já está acontecendo – a perfeita harmonização entre os setores que, na realidade, se complementam. Na busca em se realizar uma comunicação eficiente e eficaz, visando a criação de uma imagem perfeita, da empresa e/ou da imprensa.

Afinal de contas, a relação imprensa-empresa não é nova. Todos buscam (pelo menos teoricamente) prestar um serviço de informação social, onde a imprensa (que é também empresa) sobrevive lado a lado com o setor empresarial (que se faz imprensa, via serviços de assessoria), na ânsia de ver seus atos e ações espelhados na voz da imprensa de massa, que influencia essa massa. Dessa forma, as empresas também atingem as massas.

texto acadêmico, entregue em 12/02/2009-5, na disciplina Assessoria de Imprensa [prof. Mila Pernisa]

Peço a compreensão dos amigos...

domingo, 24 de janeiro de 2010 · 2 comentários

Queridos Amigos...

Ultimamente tem sido difícil a reposição de textos, ideias e etc.
É que a fase de conclusão de curso, monografia e afins tem sugado parte do tempo [às vezes tão mal aproveitado!]... E com isso, estou devendo a constante atualização de nosso iniciante blog.
Muito grato a todos que cooperam com sua visita, por mim tão querida e preciosa.
Estamos por aqui, aguardando que permaneçam  conosco porque...
Ah... vai dar tudo certo nessa vida!

Té breve!

Incerteza

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010 · 5 comentários








Em que acreditar?
Onde depositar as esperanças?
Onde se pode encontrar águas límpidas e profundas, ou um lindo bosque, 
escondido sob um luzidio fim de tarde?
Onde se pode ouvir a queda de uma pétala seca?
Onde se refugiar do medo?
Onde encontrar a força que obste as incertezas?
Como fugir das lágrimas?
Como alcançar o invisível e tornar claro o inevidente?
Onde vivenciar a limpidez da sinceridade, ou assumir a performance impetuosa do vento?
Como vencer as fragilidades do coração?
Como encarar a vida, ao mesmo tempo, driblando a coragem?
Como olhar pra dentro de si e defrontar a sequidão que às vezes nos aprisiona?
Como não chorar a sós, na lembrança dos problemas, ou no alvitre do choro alheio?
Onde se pode encontrar águas límpidas e profundas, ou um lindo bosque, 
escondido sob um luzidio fim de tarde?
Onde se pode ouvir a queda de uma pétala seca?
Onde e como perceber o sorriso do tempo?
Como materializar a inspiração se, embora consumada, permanece dentro do artista?
Como fomentar o sorriso num mundo como este?
Como explicar a densidade dos pensamentos, tão “tocáveis”?
Onde encontrar a cura para um coração apaixonado?
Como saciar a sede do miserável ante a inércia luxuosa do leviano opulento?
Como encontrar nossos defeitos antes que outros o façam?
Onde está a alegria, o repouso, o lago translúcido naquele lindo bosque?
Onde estão a experiência e a inteligência, quando mais se precisa delas?
Onde estou agora, ao compor isto, que flui não sei de onde?
Como posso não vencer a mim mesmo, sabendo que sou tão fraco?
Como pode, onde, de que maneira, será possível obter respostas?
Como ultimar as indagações, se elas são maiores e mais numerosas que as certezas?
Como, onde, quando?
Onde se pode encontrar águas límpidas e profundas, ou um lindo bosque, 
escondido sob um luzidio fim de tarde?
Onde se pode ouvir a queda de uma pétala seca?
Como ultimar as indagações, se elas são maiores e mais numerosas que as certezas, minhas incertezas?
Onde? Como? De que maneira?






Prosinha Passável

sábado, 2 de janeiro de 2010 · 0 comentários






Que toada soa ao longe,
Audível, ardente, que chega pra gente
Traz consigo os acordes de quem?
Da noite, da névoa, da escuridade...
Ao candongueiro segue a batida
Que retrata a chegada e a ida
De um dedilhado que espelha o choro.
O choro, o samba, a bossa
A bossa que traz o choro, que rega a alma.
O choro que encontra a bossa chegando
O samba que chora, na bossa que chega
Saudade que o dedilhado denuncia
Anuncia a chegada do vento, de outras paragens
De outras viagens, de outras e outras...
De outras palhetas, outras pestanas
Outras deixas, novas letras
Dissonância entrelaçada ao puro
Ouvidos sensíveis, navegantes, viajantes...
Guardam consigo os acordes de quem?
Da noite, da névoa, da escuridade...
Ao candongueiro segue a batida
Que retrata a chegada e a ida
De um dedilhado que espelha o choro.
Chora meu peito
Samba minha saudade
Bossa minha vida
No samba da história
No choro da distância
Na bossa da vida.

Chora meu peito
Samba minha saudade
Bossa. Minha vida.















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responsabilidade

Espaço de conteúdo [basicamente] acadêmico. Ainda em construção, este blog publica textos entregues em trabalhos da faculdade, além de pensamentos e comentários do próprio autor. A intenção é justamente essa: que você leia e critique. Que você goste ou não. Dividem a responsabilidade comigo os que comentam neste espaço.

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