Você já deve ter percebido que não é tão difícil encontrar um programa religioso na grade de programação da maioria das emissoras de TV. Talvez seja o contrário. Talvez não seja tão fácil a gente deixar de se deparar com artistas religiosos cantando suas rimas – às vezes segregadas de sentido –, ou de outros líderes quaisquer, das batinas em cetim aos luxuosos ternos de microfibra em risca de giz, das melhores grifes. Isso não vem ao caso. O terreno em que estamos pisando é minado. Trata-se de uma pescaria especializada.
Midiatização da fé [parte 1]
Você já deve ter percebido que não é tão difícil encontrar um programa religioso na grade de programação da maioria das emissoras de TV. Talvez seja o contrário. Talvez não seja tão fácil a gente deixar de se deparar com artistas religiosos cantando suas rimas – às vezes segregadas de sentido –, ou de outros líderes quaisquer, das batinas em cetim aos luxuosos ternos de microfibra em risca de giz, das melhores grifes. Isso não vem ao caso. O terreno em que estamos pisando é minado. Trata-se de uma pescaria especializada.
O valor do tempo
Na infância, cada minuto é mais intenso; o olhar fugidio é uma procura constante por algo que ainda não se sabe o que é. Daí a necessidade de vasculhar qualquer canto da casa, desarrumar a mesa, fazer bagunça, perambular pelo quintal, quebrar as plantas, as flores – e os vasos, correr pela calçada, guiado apenas pelo sentido da busca por objetos indefinidos e pela satisfação imediata dos pequenos desejos que regulam as intenções mais simples, no universo desconhecido da mente.
Os anos passam, outras infâncias complementam a esfera do tempo, e a corrente das vidas que habitam esse lapso temporal continua atada às frações de passado que insistem em alardear, a todo instante, flashes de situações remotas, cumprindo uma das funções naturais da existência – manter as lembranças vivas, ativas, pendulando entre o ontem e o agora numa eterna sequência de slides psicológicos.
E cada pessoa tem suas particularidades: a individualidade, o coletivismo; a sensatez inata, o desvario constante; o apego às coisas simples, a megalomania; a doçura, a rispidez; todos esses comportamentos compondo a dinâmica incognoscível do espectro social, peças do maior quebra-cabeça de que se tem notícia: o sentido da vida humana e seus derivados teóricos, doutrinários e auto-apologéticos.
E trazendo a reboque esse assunto, é imprescindível a lembrança de que “qualquer tipo de unanimidade é burra”, como dizia Nelson Rodrigues; logo, parece oportuno refletir sobre o posicionamento dos que creem que individualidades e comportamentos não devem ser comparados por nenhum padrão predefinido ou critério preestabelecido. Todos são diferentes, como diz o poeta Zeca Pagodinho. “Cada um no seu cada um, deixa o cada um dos outros” explicita a singularidade das diferenças pessoais [já que um é intrometido e o outro tem seu espaço bisbilhotado, conforme o samba Cada Um No Seu Cada Um, de autoria do cantor]. Reflexões pontuais como esta costumam servir de lenha para novas teorias, as mais diversas e bifurcadas que se pode imaginar.
E enquanto os pensamentos nos conduzem, desbravando estradas desconhecidas da intelecção, os ponteiros do velho Montblanc – pendurado na parede com seu pêndulo banhado a ouro dentro da linda caixa de ébano, assim como o atrevido Rolex, que adorna o pulso do transeunte –, se mantêm fiéis ao compromisso de registrar os instantes que nos aproximam do futuro. Mesmo assim, o elo entre o que já foi visto e o que ainda se ignora, graças à incapacidade humana de conhecer o futuro, se restabelece – continuamente – no espaço, na natureza e dentro de nós.
E, na guerra diária entre as boas e más notícias, urgem os gritos da memória, trazendo ao presente imagens que os olhos naturais não podem ver novamente; talvez imagens e sensações que não se quer viver de novo, por isso a refutação e indignação com as lembranças. Mas se as flores do passado insistem em emanar um alegre perfume, e os ventos de outros tempos ainda refrescam a calidez da vida, há então motivos suficientes para comunicar ao mundo que as dores e os problemas que se vive hoje são apenas uma fração da linha interminável que conduz o passado ao futuro. E cada parte dessa linha deve ser vivida da melhor maneira possível, já que a palavra dita não volta à inexistência, “as águas de um rio jamais são as mesmas”, e os danos do tempo são irreparáveis”.
[imagens: getty & google]
Boa notícia
[este texto foi publicado no jornal Tribuna de Minas, Seção Opinião, edição de 19 nov 2010.
veja em http://www.tribunademinas.com.br/opiniao/artigo.php ]
As mesmas pedras do passado
Enviada em: quinta-feira, 4 de novembro de 2010 18:14
Para: JR.ALBUQUERQUE@GMAIL.COM
Assunto: Salvem a Sakineh - estão nos escutando!
Caros amigos,
Nosso protesto mundial impediu que Sakineh fosse apedrejada injustamente em julho. Agora temos 12 horas para salvar a vida dela.
Os aliados do Irã e as principais autoridades da ONU são nossa maior esperança: eles podem convencer o Irã do sério custo político desse assassinato de uma figura com alta exposição na mídia. Clique no link abaixo para enviar a eles um pedido urgente de mobilização e encaminhar este e-mail a todo o mundo. Você só gastará três minutos. A última esperança de Sakineh somos nós
http://www.avaaz.org/po/24h_to_save_sakineh/?vl
O caso de adultério de Sakineh é um trágico embuste cheio de violações de direitos humanos. Primeiro, ela foi condenada à morte por apedrejamento. Porém, o governo iraniano teve de anular a sentença depois que os filhos dela conseguiram gerar um enorme protesto contra o julgamento injusto; Sakineh não fala a língua usada nos tribunais e os alegados incidentes de adultério aconteceram após a morte do marido dela.
Em seguida, o advogado dela foi forçado a se exilar e a acusação conseguiu inventar uma nova queixa falsa que justificaria a morte de Sakineh: o assassinato do marido dela. Apesar de isso configurar um caso de “non bis in idem” (dois julgamentos pelo mesmo crime), pois ela já está cumprindo pena por suposta cumplicidade nesse crime, Sakineh foi torturada e exibida em rede de televisão nacional para “confessar” e acabou sendo julgada culpada. O regime já prendeu dois jornalistas alemães, o advogado e o filho de Sakineh, que tem corajosamente liderado a campanha internacional para salvar a mãe. Todos continuam na prisão. O filho e advogado de Sakineh também têm sido torturados e estão sem acesso a advogados.
Agora, ativistas de direitos humanos iranianos afirmam que acaba de ser emitido um mandado de Teerã para executar Sakineh imediatamente. Ela está na lista e hoje é o dia da execução.
Campanhas persistentes fizeram o Irã anular a sentença de apedrejamento de Sakineh e atraíram a atenção de dirigentes de países que exercem influência sobre o Irã, como a Turquia e o Brasil. Agora, vamos todos erguer nossas vozes com urgência para impedir que Sakineh seja executada e sofra tratamento desumano e para libertar a própria Sakineh, seu filho e advogado e os jornalistas alemães. Envie uma mensagem para divulgar este pedido de emergência com amigos e familiares:
http://www.avaaz.org/po/24h_to_save_sakineh/?vl
Um grande protesto público tem a autoridade moral para impedir crimes atrozes. Vamos usar as 12 horas que temos para enviar uma mensagem clara: o mundo está de olho no Irã e todos estamos unidos para salvar a vida de Sakineh e contra a injustiça em qualquer lugar do mundo.
Com esperança e determinação,
Alice, Stephanie, Pascal, Giulia, Benjamin e toda a equipe da Avaaz
Fontes:
Parlamento europeu elogia adiamento da execução de iraniana:
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4770433-EI8142,00-Parlamento+europeu+elogia+adiamento+da+execucao+de+iraniana.html
França critica Irã por condenação de Sakineh Ashtiani:
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4768877-EI8142,00-Franca+critica+Ira+por+condenacao+de+Sakineh+Ashtiani.html
Dilma condena apedrejamento da iraniana Sakineh:
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/11/03/dilma-condena-apedrejamento-da-iraniana-sakineh-337843.asp
Petição para impedir a execução eminente de Sakineh Mohammadi Ashtiani (em inglês):
http://www.guardian.co.uk/world/2010/nov/03/sakineh-mohammadi-ashtiani-execution
responsabilidade
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